28.11.03

O que é nacional é bom

Comprei uns sapatos Camport (aqueles portugueses, confortáveis, de sola de borracha, baratos), numa tal sapataria Oliveira. Foi uma compra que gerou um mini-conflito interior, uma vez que, se é verdade que precisava deles para o inverno, também não queria andar calçado ao estilo "empregado de balcão", por questões de sobrevivência nesta sociedade injusta.

Lá entrei na loja, o mais rapidamente possível para evitar ser detectado. Fui atendido por um dos oito senhores que estavam sentados à espera de um cliente, dos quais seis tinham bigode e óculos de armação dourada, todos nos seus quarenta e muitos. O Sr. Oliveira a controlar a caixa (claro). Muito prestáveis, muito profissionais, levaram-me o dinheiro com ligeireza.

Assim que saí da loja, o conflito voltou. Ando com um estigma social nos pés. Enfim, lá fui sobrevivendo. Uns dias depois, vi uma campanha que anunciava que todas as pessoas que comprassem uns sapatos da marca a partir daquela data, poderiam concorrer a um VW Golf. De repente, dou por mim ostracizado entre os utilizadores de Camport. Algures lá fora, anda um empregado de balcão, montado num Golf, a rir-se de mim.

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