27.1.04

No trânsito

Hoje de manhã, fui surpreendido por um beijinho mandado por uma senhora já com demasiada idade para sobreviver sozinha no trânsito, depois de eu lhe ter dado passagem quando nada fazia prever que isso acontecesse. Afinal de contas, estávamos em plena hora de ponta. Como em qualquer guerra, um acto de misericórdia é sempre recebido com emoção. Logo a seguir, vejo um autocarro da Carris, prisioneiro de uma fila de carros e condutores em fúria, apinhado de gente de tonalidade cinzenta com um semblante que fazia crer que iam todos a caminho do velório do Feher. A Lisboa moderna definitivamente não foi feita para ser habitada, só contemplada.

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