20.2.04

Consciência social

Um amigo que vive em Paris, relatou-me a passagem de ano dele onde, algures a meio da noite, passou a pé perto dos Campos Elísios e se deparou com um ajuntamento de jovens dos subúrbios que se entretiam a destruir montras e afins, devidamente acompanhados pela polícia de choque. No final da noite, voltou para casa de metro, rodeado pelas pulsões alcoolizadas dos restantes parisienses.

No Janela Para o Rio, leio um e-mail que relata o facto de na Noruega os ministros andarem de metro e serem tratados por tu pelo cidadão comum, totalmente à mercê da vontade do povo.

Realmente não há nada como uma sociedade com poucos refúgios para desenvolver uma consciência social. Só o facto de sermos obrigados a andar a pé, ou de metro, é o suficiente para nos impedir de fugir para a frente, para nos responsabilizar pelas nossas selvajarias, forçando-nos a lidar pessoalmente com a marginalidade, com a pobreza, com as disfunções sociais em geral. Não podermos refugiar-nos dentro de um carro, ou de um condomínio fechado, vincula-nos publicamente às consequências dos nossos actos, das nossas opiniões, do nosso voto. A vulnerabilidade obriga-nos à integridade.

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