4.2.04

Doenças urbanas

É curioso o processo mental que permite a materialização de pequenos pormenores do nosso universo quotidiano, de uma forma aparentemente aleatória. Só recentemente tomei consciência da disseminação silenciosa de escritórios por edifícios de habitação que foram vagando lentamente, por todo o centro de Lisboa, apesar dela me passar à frente dos olhos há bastante tempo. É uma espécie de cancro que se vai espalhando sob a forma de células de luzes alvas, cruas, que espalham um manto de claridade monótona e regular, por entre o brilho quente, aveludado e irregular dos pontos de luz domésticos. Se calhar nunca me tinha verdadeiramente apercebido desse fenómeno porque gosto de ouvir o silêncio nocturno da cidade, e preferi não me interrogar sobre a sua proveniência.

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