Ciclismo pós-moderno
Já por várias vezes participei numa alarvidade de geração espontânea que consiste em entrar numa dança ao melhor estilo da dupla Lance Armstrong/José Azevedo, onde dois automobilistas, depois de breves momentos de galanteio, resolvem envolver-se numa cerimónia onde "puxam" alternadamente um pelo outro, como se batedores do Presidente da República fossem, com o objectivo de manter um velocidade potencialmente criminosa.
Este momento National Geographic, é mais um exemplo da animalização do português quando se encontra atrás do volante. No entanto, não querendo entrar pela análise da evidente boçalidade deste ritual de acasalamento, há outros aspectos relevantes neste fugaz relacionamento, e que nascem precisamente do reconhecimento pelas partes envolvidas dessa mesma boçalidade.
A imoralidade subjacente a este baile confere-lhe características semelhantes às dos envolvimentos extra-matrimoniais (ou extra-qualquer relação a tempo inteiro), ou às one night stands. Nestas ocasiões, a necessidade de não deixar rastos obriga a que tudo seja precário, desde o repentino desaparecimento da ética, até ao envolvimento impulsivo alicerçado numa procura imprudente de emoções arrebatadoras, passando pela própria integridade física. Não há amor, não há lágrimas, não há despedidas. No final, vai cada um para seu lado, na esperança de não ter contraído nenhuma doença esquisita.
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