22.3.04

Enganos

As desilusões mais longínquas que me ficaram na memória estão todas relacionadas com confrontos com a realidade, mais precisamente, com a inexistência de certas sinestesias geradas pelo meu imaginário infantil. Entre outras, lembro-me de ter ficado desolado quando descobri que me ia sujar e magoar na dureza do solo, se me atirasse para o meio de um prado verdejante, não me valendo de nada o sedoso ondular da erva. Lembro-me igualmente da sensação desagradável que me ficou na boca, depois de descobrir que as borrachas que cheiram a morango não sabem a morango, e nem chegam sequer a ser comestíveis. A perda da inocência deve ter começado com estes pequenos episódios.

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