Gradações do vazio
Nos caminhos do dia-a-dia, é fácil identificar tentativas de aproximação com estranhos, por muito subtis e pouco convictas que sejam. Damos por nós a acrescentar a um "Bom dia!" diário, um "Tudo bem?", ténue sinal de uma vontade de saber mais sobre as vidas que cruzamos repetidamente, do reconhecimento da rotina partilhada.
No entanto, este anseio relacional depara-se com uma reciprocidade de parto difícil, como denota a terminal resposta "Tudo bem?", que muitas vezes ecoa até nós. Pequenos passos como a transformação do tom interrogativo desta réplica, num tom afirmativo, exigem instruções. Precisamos de tempo para deixarmos os outros entranharem-se em nós. Precisamos de tempo para nos desembaraçarmos do vazio.
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