15.4.04

A fraternidade na rua

Estou parado, com uma quantidade significativa de concidadãos, à espera que o sinal passe para verde para atravessar a rua. Do outro lado, no meio de um outro grupo alargado de gente que espera o mesmo que eu, está uma família de três elementos, dois pais e uma filha. O sinal dá-nos guia de marcha. A família dá as mãos, forma uma muralha e avança alegremente. Aproximam-se de mim, sorridentes. Apercebo-me que não vou conseguir quebrar aquele elo, nem contorná-lo, e que me arrisco a ser atropelado por um amor de pai e outro de mãe. O confronto parece inevitável. Mas não, no último segundo, a mãe e a filha, depois de me olharem fixamente tentando intimidar-me com a sua proximidade afectiva, soltam-se, deixando-me arrombar o agregado familiar. Neste mundo cão, somos forçados a seguir a lógica do "um contra todos e todos contra um", especialmente porque numa rua atarefada, não há espaço (físico) para entidades plurais.

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