Mudanças
Descobri que o meu bisavô, por volta do início do século, tinha um entreposto comercial no Pará, onde acabou por morrer. Aparentemente, nessa altura, o Pará ainda vivia «um período fausto e próspero, proporcionado pela exploração da borracha, que se estendeu, até as primeiras décadas do século XX, época em que o dinheiro fácil dava à cidade de Belém, capital do Pará, ares de metrópole europeia, pois estava mais próxima de Paris do que da capital da República, a cidade do Rio de Janeiro».
Deste passado, só chegaram a mim nomes como Araci, Juraci e outros (primos direitos da minha avó que ficaram por lá), o cheiro de um sabonete que sempre existiu em casa da minha avó mas que eu nunca soube que vinha do outro lado do Atlântico, e alguns relatos da vida em dois continentes, à procura da prosperidade. É curioso como em cem anos o Brasil passou de uma terra de sonhos para um Algarve sonhado. No Pará, do sonho do meu bisavô em particular, talvez só restem os casarões da época dos borracheiros, a arquitectura colonial, e cidades como Viseu, Bragança, Santarém, Alenquer ou Óbidos, que se vão perdendo à medida que penetramos na selva amazónica e estes nomes são substituídos por nomes nativos.
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