Sobrevivência
Na semana passada, ao entrar no meu quarto e ver na contra-luz um pequeno "cardume" de moscas que voava em círculos concêntricos, fui de novo relembrado que é nestas pequenas coisas que se vê a admirável capacidade de sobrevivência dos insectos. Estas moscas que agora me enervavam, tinham "desabrochado para a vida" às primeiras horas de calor, demonstrando a sua excepcional capacidade de adaptação a condições adversas. O meu quarto tinha-se tornado numa espécie de embalagem para insectos instantâneos: bastou juntar uns raios de Sol para obter um grupo esvoaçante de pontos negros com asas.
O português, nesse aspecto, também poderia ser considerado um insecto da humanidade. Não tanto pela parasitagem em que muitas vezes vive, ou pelo seu incontrolável desperdício de criatividade, mas pela extraordinária flexibilidade que lhe permite cumprir o seu desígnio divino, assim que há o mínimo de condições para tal: sempre que a temperatura passa dos 17 graus, invade a praia. É nestas alturas que compreendo que não há razões para temer pelo futuro. Parafraseando o Michael Porter, que sendo um guru da gestão percebeu estas coisas muito antes de nós, se tudo falhar, em Portugal, vamos sempre ter o Sol e a praia e isso poderá ser o que, em última análise, nos irá salvar de nós próprios.
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