Minudências
Todos os dias paro o carro na mesma zona de um parque de estacionamento, ao lado do meu escritório. Faço uma prospecção pouco convicta dos lugares mais "confortáveis" e acabo por abandonar a minha viatura relativamente longe da saída, num recanto algo incómodo e pouco frequentado, mas que me permite a desobediência civil, ignorando ostensivamente o tracejado do chão. Periodicamente, a minha sondagem inicial dá frutos, e consigo desencantar um lugar na zona chique do parque, onde não tenho que andar mais do que quinze metros até chegar à rua.
Todo este processo decorre de uma forma quase maquinal, bovina, caindo no esquecimento mais absoluto assim que dou por mim no exterior. No entanto, esta trivialidade monta a armadilha para um dos pequenos prazeres desta, muitas vezes ridícula, vida urbana: entrar num parque de estacionamento, ignorando a localização do nosso automóvel e encontrá-lo por acaso, inesperadamente próximo.
O David sente-se vivo ao aperceber-se que ainda reage a um tema como "Agressões sexuais: sim ou não?". No meu caso, talvez pelo pouco contacto que tenho com o lado místico da vida, sinto-me vivo quando encontro provas de ter raciocinado com ambição numa das alturas mais atordoantes do dia-a-dia: a "entrada ao serviço".
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