Serviços noticiosos
A já muito debatida imbecilidade das notícias do trânsito, transmitidas pelos "programas da manhã" televisivos, tem origem num erro de análise básico: ao contrário do que seria expectável, há muito que a racionalidade deixou os ICs e auto-estradas dos subúrbios lisboetas ao abandono. As filas tornaram-se numa fatalidade, num inferno monótono, a que os habitantes dessas localidades se habituaram.
Quem vê esses pseudo-serviços noticiosos são as pessoas que não precisam deles, e que o fazem apenas por voyeurismo: quem não cumpre horários, quem vive no centro da cidade ou na proximidade do metro. Todos os outros, estão demasiado ocupados a serem temas de reportagem do helicóptero da TVI e já estão indiferentes ao facto da Júlia Pinheiro atribuir um semáforo vermelho ao IC19, às 8:27.
Se houver um acidente, ou se a lenta procissão começar à porta de casa, em vez de começar, como habitualmente, 200 metros mais abaixo, isso só significa que se calhar é melhor comprar o jornal antes de entrar no carro, em vez de o fazer à porta do emprego, mesmo porque fugir não é remédio já que "diz que" assim que mudamos de faixa, começa milagrosamente a andar a que nós deixámos para trás, e o mesmo se passa numa escala macrocósmica, com as estradas em si. A falta de alternativas, obriga-nos ao heroísmo.
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