Dúvidas europeístas
Não consigo perceber se é mais parolo pendurar uma bandeira de Portugal na janela/carro, ou se achar que pendurar uma bandeira de Portugal na janela/carro é parolo. Este pré-orgulho em onze compatriotas nossos que jogam à bola e ganham dinheiro a mais, de um certo ponto de vista, faz-me lembrar o Rock in Rio, fantasia em que a inteligentsia nacional também teve alguma dificuldade em embarcar visto tratar-se de uma vaga de fundo popular. Talvez farta de ver os outros a deleitarem-se no fenómeno mercantilista, resolveu refugiar-se numa ideia de turismo no "intelecto real" para, sem remorsos, dar um saltinho à Bela Vista e rir em primeira mão. Presumo que se a selecção não se ficar pela fase dos grupos, também iremos ver os pensadores do burgo a correr para apanhar o eufórico e desgovernado comboio.
Resumindo, acho esta revolta contra o "carinho em torno da selecção" um patético desperdício de energia. Como diz o outro, se é para entrar em guerras, mais vale que seja contra o desemprego. No meu caso, como um primo meu resolveu ter a ideia peregrina de se casar à hora do Portugal-Grécia, da Europa só vou eventualmente ver o boletim de voto no domingo. Mas admito desavergonhadamente que, mesmo à sombra de um altar, vou chorar em surdina a cada golo luso gritado pelo Jorge Perestrelo.
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