2.6.04

Os limites da racionalidade

Comprar um carro não é um acto racional, e muito menos um investimento. A desvalorização é garantida, mesmo nos carros a diesel, ao contrário do que a ciência popular parece indicar. Assim que trocamos euros por um carro, começamos a deitar dinheiro à rua. A partir daí, as únicas escolhas que nos restam esgotam-se em torno da determinação do ritmo a que o fazemos.

Um carro deverá sempre ser comprado com paixão, ou com indiferença. Nunca com pretensões a negociatas amadoras. Devemos assumir com frontalidade que na melhor das hipóteses não passará de um brilho fugaz ou de um mal necessário e tentar minimizar os estragos deste inevitável desvario emocional. Para o fazermos apenas temos duas alternativas: ou compramos um Porsche, ou nos atiramos ao primeiro Opel Kadet de 1980 (ou equivalente) que virmos.

A razoabilidade da primeira reside no facto de alguns especialistas dizerem que é a marca que se desvaloriza menos, tornando-se assim numa forma aceitável de estancar parte da sangria e, simultaneamente, de nos deslocarmos. Se essa opção não estiver disponível, ou se procurarmos soluções mais radicais para defender o pé-de-meia, temos forçosamente que escolher o outro extremo da escala e adquirir um carro que já nem a soma das peças valha. Pode não proporcionar viagens tão furiosas, mas ao menos podemos dormir em paz sabendo que, também neste campo, não se pode cair do chão.

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