19.7.04

Cegueira

Ainda não vi um único marciano que não esboçasse um sorriso, enquanto bloqueia um carro. Nas suas fardas "práticas", ao melhor estilo "americano que constrói a sua casa ao fim-de-semana", cercam os carros em transgressão, e riem-se sadicamente enquanto os prendem. Todos eles se deliciam com as possibilidades divinas que este poder de características duvidosas (do ponto de vista do bloqueado) lhes proporciona. Embriagados pelo moralismo da tarefa que lhes confiaram, deleitam-se no policiamento para jovens com a 4ª classe.
 
No entanto, o tal risinho não é provocado pelo carácter justiceiro do bloqueamento, mas sim pela implícita impunidade que a ele está associada. O escárnio municipalizado existe pelo facto de todos os marcianos saberem que as sentenças que aplicam aos lisboetas, nunca serão aplicadas a eles próprios. Sabem que o Tó da zona 15, que "conhece o pessoal todo", os deixa estacionar de borla, em Lisboa. 
 
É por estas e por outras, que o pequeno poder (ou o poder em geral) nunca deveria ser entregue a pessoas comuns: esquecem-se facilmente que podem sempre apanhar umas boas estaladas.

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