24.9.04

Fanny Ardant

Sou um tipo com pouco passado. Grande parte das minhas recordações não passam de detalhes de fertilidade limitada. Por enquanto sinto-me ágil, mas aos poucos vou reconhecendo que com a idade serei obrigado a carregar o peso de uma vida de vestígios. O meu olhar cumprirá o seu desígnio e tornar-se-á um repositório de melancolia, vítima de uma tristeza difusa. É bastante provável que acabe numa qualquer esplanada a ver pessoas a passar no vazio, e a pensar que tal como com os gangsters, também a minha "verdadeira vida está no silêncio".

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