12.10.04

Queridos amigos

Uma das vantagens de viver no anonimato é a de sermos dispensados da necessidade de tratar os amigos por "queridos amigos" ou "caros amigos". Para além de evitarmos a redundância do "querido" ou do "caro", podemos também evitar dizer que o nosso "querido amigo" é o Miguel, para depois sermos forçados a escrever "Esteves Cardoso" entre parêntesis, não fossem as pessoas pensar que estávamos a falar do porteiro do Lux, o que, mesmo tendo em conta o glamour da referida discoteca, seria algo chunga.

Fora do circunscrito mundo do estrelato luso, a colagem a determinadas pessoas que até podem ser nossas amigas, não nos adianta nada. Torna-se totalmente desnecessária a ridicularia de tentar enfiar vultos maiores da cultura portuguesa contemporânea (?) no bolso para depois os podermos semear com sensatez. Quando caminhamos pela sombra, basta sê-lo, não é preciso parecê-lo. Tristemente, verifica-se que há muito poucas pessoas verdadeiramente anónimas.

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