12.5.05

Calor

No Poço do Borratém, a chegar ao Martim Moniz, está, todas as manhãs, uma mulher a vender-se. Vai mudando de cabelo, algumas peças de roupa, mas a mini-saia e o corpo deprimido são sempre os mesmos. Encosta-se a uma parede onde o sol matinal, enxertado, a ilumina por entre dois prédios. O estrelato cálido desce pelo subitamente terno Beco dos Surradores e transforma aqueles metros de muro num refúgio tolerável, no meio da vivacidade acinzentada daquele bairro. Nos dias encobertos, em que o sol não corre pelo beco até ao seu posto, ela não aparece.

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