8.6.05

Transferências

Perder um telemóvel é fácil. Perder um número de telemóvel é excêntrico. Só os excêntricos declinam a portabilidade depois de uma vítima da crise, ou o acaso, lhes levar o telemóvel. Podemos até ficar sem passado, mas nunca ficamos a mais de um cartão sem carregamentos obrigatórios de distância do presente.

O número perdura, dormente, ciclicamente reactivado até ao dia em que o spam se transmuta e começa a chegar sob a forma de chamadas de adolescentes em call centres, que seguem guiões à luz de néon e que nunca perdem os números de telefone dos outros. Até ao dia em somos encontrados, atrás de um número eterno, por consultores comerciais. Nesse dia, deixa-se tudo para trás. Nesse dia a excentricidade assume-se como estratégia de sobrevivência.

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