25.2.04

Sobre o 25 de Abril que paira sobre este blog (também para o Pénible e para o Tawzeeto)

Como já o disse antes, aqui e aqui, penso que o 25 de Abril como acontecimento traumático que foi, teve como consequência nefasta a esquerdização da nossa sociedade. Para explicar porque razão a acho nefasta vejo-me forçado a entrar num campo onde me sinto pouco à vontade, devido precisamente a minha mediania, onde reconheço a minha ingenuidade e mesmo a banalidade das minhas opiniões, mas este blog (e o resto do mundo) está cá para alterar esta situação.

Considero-me um tipo de direita, ou centro-direita, mas não me identifico totalmente com uma visão tão redutora quanto esta. Não sou adepto de pensamentos únicos, nem defendo a tese do mundo a preto e branco, mas sim a do mundo com infinitas tonalidades de cinzento (como diria o outro), e aprecio sinceramente a ponderação associada ao reconhecimento desta realidade. Tendo vivido toda a minha vida com o produto do 25 de Abril, a liberdade é para mim um dado adquirido. Talvez esta postura esteja errada, mas sempre achei que o maior tributo que podíamos prestar aos que me possibilitaram pensar assim é o de evitar que esta liberdade volte a ser algo para além disso mesmo: um dado adquirido.

Não me regendo por uma lógica política ou de poder, gosto de acreditar numa terceira via, não forçosamente na Terceira Via, não numa marxista luta de classes ou em qualquer outro tipo de confronto ideológico que possa resultar numa absurda radicalização de posições. Penso que a única forma de desenvolver o país será através de uma cooperação realista, pragmática e não instrumentalizada pelo poder político, entre os diversos "sectores" da nossa sociedade, na linha do recente e talvez histórico acordo da AutoEuropa. O 25 de Abril, pela imposição de um reflexo pavloviano de esquerda, impede (ou tem impedido) essa cooperação. Ao fim de 30 anos ainda estamos à mercê da tal instrumentalização, graças a uma ignorância generalizada, o que tem retardado a possibilidade de um melhoramento generalizado das condições de vida em Portugal.

Tendo isto em consideração, abraço com agrado meios incoerentes, preferindo optar por uma coerência de objectivos, seguindo um caminho que estará eventualmente para além da esquerda e da direita. É certo que esta visão, que pode ser considerada demagógica e totalmente primária, tem os seus perigos, ou, como me disseram uma vez, não sendo nem de esquerda nem de direita, tenho forçosamente que ser o Guterres.

Tudo isto para dizer que sim, de alguma forma o 25 de Abril teria impedido (ou atrasado) a ascensão social de uma classe média, inserida num movimento mais abrangente de desenvolvimento nacional.

Enfim, foi esta a forma que encontrei de tentar resolver um mal-entendido numa caixa de comentários.

Nota: dentro de momentos este blog voltará à normalidade.

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