28.12.05

Da raiva

Há dias em que tenho uma sentida esperança de encontrar alguém a bloquear a entrada da minha garagem, quando eu estiver a voltar para casa. Para a explicação desta declaração ganhar um vago aroma a literatura, podia desenvolver uma narrativa lamentável sobre a inesperada nobreza de alguém que nos dá a oportunidade de mudar de vida apenas por nos impedir de entrar em casa, mas não o vou fazer. Convém mentir com parcimónia, mesmo quando se está a tentar escrever um post à volta de um não-tema. Nesses dias apetece-me mesmo é andar à pancada com idiotas insuspeitos ou, pelo menos, sonhar com isso.

Low Life

Caro Santos, obrigado pela preocupação. Há uns tempos que este blog anda a tentar empurrar-me para fora do ninho, mas aparentemente não há como me desmamar. Se no início pensava logo, tinha um blog, agora apercebo-me que a relação foi subvertida: tendo abandonado (sob a forma tentada) o blog, deixei de pensar. Sem posts para escrever, o máximo que consegui fazer durante semanas foi preocupar-me com o facto de, aparentemente, ninguém na minha freguesia guiar um Jaguar. Impõe-se claramente o regresso da disciplina.

6.12.05

Digital

Tenho algumas saudades do tempo em que o papel acabava e os rolos só tinham aproximadamente 36 fotografias, do tempo em que o passado não tinha tradução binária, não era medido em gigabytes e não se podia se podia reproduzir e partilhar depois de termos ido ao Media Markt pagar coisas em doze vezes sem juros. No fundo, acho que tenho saudades do tempo em quem nem todas as vidas eram memoráveis. A começar pela minha.