O fim da linha
É assustador ver alguém acabado, com a derrota nos olhos, que foge de si próprio, do fim.
É assustador ver alguém acabado, com a derrota nos olhos, que foge de si próprio, do fim.
Devo prestar uma homenagem pública a toda a equipa do Sporting que, no seguimento dos atentados de Istambul, revelou toda a sua nobreza, ao não dar o golpe de misericórdia, a um país ajoelhado. Os turcos não levam de Alvalade apenas uma vitória, levam a dignidade do seu país. É nestas coisas que se vê que nas veias deste clube corre um sangue diferente do nosso. Bem hajam!
Comprei uns sapatos Camport (aqueles portugueses, confortáveis, de sola de borracha, baratos), numa tal sapataria Oliveira. Foi uma compra que gerou um mini-conflito interior, uma vez que, se é verdade que precisava deles para o inverno, também não queria andar calçado ao estilo "empregado de balcão", por questões de sobrevivência nesta sociedade injusta.
Por muito demagógico que seja, a ida do Bush ao Iraque foi um gesto notável. Por outro lado, é impressionante ver como, nesta altura do campeonato, para os soldados americanos, qualquer pessoa que vá ao Iraque e volte inteira, é uma figura quase divina.
No final da terceira semana de blog (segunda de bloguismo activo) devo fazer um agradecimento público aos seguintes senhores por terem falado em mim e até, em certos casos (ao que isto chegou), por terem falado bem de mim: Aviz(que montou a armadilha), Glória Fácil, O Cafageste, Estrangeirados, Ponto e Vírgula, Vitamina C/João Sousa, aDeus, Dah-Blog.
Hoje em dia, é uma seca. Rás t'a parta mais o electro-pop! 10 anos de anos oitenta foi o suficiente!
Parece que um holandês se carbonizou, em Tavira. Uma senhora de idade, diz que a casa era de Platex (???) e por isso é normal que aquilo arda. Outra diz que o rapaz já tinha explodido com a casa no ano passado, que gostava de fazer experiências com o depósito de gasolina do carro, e por isso o incêndio devia ter qualquer coisa a ver com as inovações do falecido. Os bombeiros atiram para a fogueira (passo a expressão) a hipótese da explosão de gás. Eu cá aposto que adormeceu a fumar. Mais alguém?
Fui ao S. Luiz, na minha qualidade recém-adquirida de blogger, observar esta parcela da cena cultural nacional. Comentários:
Enveredando pelo caminho da banalidade, confesso que me faz alguma confusão aquela história que a esquerda defende, sobre o individualismo liberal só poder acabar no egoísmo instituído. Nunca percebi esse raciocínio. De modo a atingir objectivos egoístas (de sobrevivência, na sua forma mais primária), o melhor e mais racional caminho é o da cooperação (v. dilema do prisioneiro). Cada um tem mais probabilidades de ganhar, quando todos ganham. O egoísmo liberal só poderia existir fora da teia social.
Uma das faces visíveis do trauma do 25 de Abril, é que a esquerda, em Portugal, não é um ideário político mas sim uma religião.
Acabei de reordenar os meus links. Tive que criar uma secção à parte para o Causa Nossa, com o nome "Da-se!" (perdoem-me a vulgaridade). É a minha forma de dar as boas-vindas à Drª Ana Gomes (e restante staff) à blogoesfera.
Comprei o livro do Eduardo Gageiro sobre Lisboa. Pela primeira vez vi uma foto de um vendedor de banha da cobra. Foi como se tivesse visto uma foto de um gambozino, ou de Deus.
Acho piada à necessidade que temos de nos explicarmos uns aos outros, de nos relativizarmos mutuamente, montando as peças do nosso lego quotidiano.
Há uns tempos, conversava com um amigo sobre bombeiros. Ele dizia que na terra dele, os bombeiros ficavam o dia todo a enfrascarem-se no café, e de vez em quando, ateavam eles próprios incêndios, para se ocuparem e terem acesso a fundos públicos. Confesso que a ideia de que os meus heróis de infância (ainda hoje em dia tenho uma admiração beata por "profissionais do salvamento") estavam mergulhados no lodo que periodicamente vem à tona, foi difícil de engolir. Preferi deixar de prestar atenção do que questionar, talvez irremediavelmente, a nobreza dos indivíduos que formam aquela instituição. Uma crise de cada vez, por favor.
O que me lembro melhor do dia que passei em Macau (antes de 1999), é do seu céu opressivo, do vento cortante, da tonalidade acinzentada da paisagem. Em Macau senti precisamente o oposto do que em cafés de imigrantes em Boston ou Toronto: a morte da portugalidade. Nunca estive tão longe de casa.
Com as devidas limitações, hoje em dia, como jovem de 26 anos que sou, uma das principais razões que tenho para me irritar com o facto do Dr. Salazar e os amigos terem traumatizado Portugal durante 50 anos, é que gostava sinceramente que não estivéssemos há 30 traumatizados com o 25 de Abril.
Os comentários, aos meus dois últimos posts, da autoria do Sr. (?) Gasel e do Sr. Zé, que passo a citar: "Pois..." e "Oh meu, get a life!", respectivamente, puseram-me a pensar.
Dizer pensinho higiénico (por oposição a penso higiénico) não diminui o tempo em que podemos ser ouvidos a falar da higiene íntima da mulher. Prolonga-o.
Devemos comprar iogurtes (dos sólidos, não dos líquidos) numa pastelaria? Ou fiambre? Se por um lado a racionalidade económica devia levar-nos a fazer essas compras no Continente mais próximo, por outro lado, também dá um ar de sofisticação bestial, sair da Versailles com um produto destes debaixo do braço. De repente sentimo-nos um "local". Fazemos parte do grupo das Avenidas Novas. Sensação que dura apenas enquanto caminhamos até ao carro, para nos dirigirmos à Segunda Circular.
A facilidade com que falamos com alguém do outro lado do mundo ainda me espanta. Levar com o mundo global através do telemóvel é uma coisa algo avassaladora, mas que me arrancou o primeiro sorriso do dia. Gosto de saber que não estou sozinho. É apaziguador.
Coexistência de sentimentos antagónicos em face do mesmo objecto, nem mais. Porquê? Muito simplesmente porque fiquei com a ideia que o Glória Fácil é um blog implacável. Eu tenho algum receio de "entidades" implacáveis, porque sou demasiado falível, para estar imune ao comentário cirúrgico. Além disso, estou em desvantagem numérica e tenho noção das minhas limitações. Apesar de tudo, reconheço que a implacabilidade é de qualidade e por isso merece, sem dúvida, uma leitura.
Cada vez mais me convenço que faz todo o sentido aquela teoria sobre o cão, na sua qualidade de melhor amigo do homem, nos dar apenas o necessário para o alimentarmos (excluindo a tal "amizade" da equação). O meu cão faz de mim o que quer. Como diria um amigo meu: a partir do momento em que saímos de casa a meio da noite, para andar atrás de um cão, a apanhar o cócó dele, podemos ter a certeza que algo está errado no mundo. Nem vale a pena olharmos para o Médio Oriente, o problema está na nossa sala, a dormir no sofá.
O Pedro Lomba interroga-se: Acham que alguém ascende socialmente por escrever romances? Acham que o Belmiro de Azevedo leu livros na vida? Acham que o sucesso profissional tem alguma coisa a ver com livros?
Duas pessoas desrespeitam-se, violentam-se, tornam-se opacas. Numa última homenagem aos anos passados ao lado uma da outra, recusam-se por turnos a assumir a responsabilidade por declarar a falência do amor. Os amigos interrogam-se sobre qual das duas terão de apanhar do chão primeiro.
Comprei o último livro da Inês Pedrosa. Confesso que tive vergonha de ser visto com o livro na mão. Não sei se é bom ou mau, mas pelo menos a Inês tem o dom de escrever livros com títulos que me obrigam a lidar, em público, com a minha banalidade sentimental. De repente, sentir um elo emocional com as outras 50.000 pessoas que vão comprar o livro é o chamado banho de humildade.
Um grupo de jovens (da minha idade) discute as possibilidades da Fábia (?) passar à fase seguinte se lhe calhar uma canção que "puxe muito pelos agudos". Onde é que isto vai parar?
Num jantar de amigos, foi encontrada uma solução para virar os efeitos da má publicidade internacional dos nossos "alegados" casos de pedofilia, a nosso favor: o franchising. Porque não internacionalizar a marca "Casa Pia"?
Fui à procura de registos pessoais de outros momentos em que senti a tua falta e encontrei esta frase:
Numa exposição da Fernanda Fragateiro, na Culturgest, há uns tempos, fui confrontado com o dilema clássico de um tipo da Classe Média: como parecer inteligente face à incompreensão absoluta? Na altura, as circunstâncias facilitaram-me a vida (estavam mais 3 pessoas a ver a exposição e uma delas tinha 2 anos), mas confesso que a próxima exposição me atormenta. A mediania é um problema.
Vou à procura do meu blog no Google, com a esperança de me encontrar à primeira. Não só isso não aconteceu, como descobri que há um tipo com um blog chamado "Classe Média" alojado no Blogger brasileiro. Como se isto não bastasse, o homem ocupa um proeminente segundo lugar no resultado da pesquisa. Para cúmulo dos azares, o blog dele é muito mau. Deixo um exemplo:
A malta do futebol mete-me nojo. Desde o "dirigente de federação" que explica que a mancha vermelha na parede foi feita por um saco de framboesas que alguém chutou, e que por isso não há razão para tanto alarido, até ao seleccionador que afirma que os rapazinhos são "do campo" por isso têm uma desculpa para destruir um balneário. É impressionante como esta gente gelatinosa é incapaz de dar a mão à palmatória e assumir as responsabilidades pelo comportamento dos selvagens.
Apesar de me considerar de direita, gostava desde já de reclamar o direito de achar algo "bonito". Farei uso desse direito em altura oportuna.
Infelizmente, lembro-me mais uma vez da frase do Yves Simon: as partidas devem ser mantidas em segredo porque são demasiado dolorosas para os que ficam para trás.
Nunca percebi como é que há "verdadeiros artistas" que arranjam maneira de falhar a sanita nos WCs dos aviões, quando se sentam para obrar. E não me venham dizer que é da turbulência. Uma pessoa mal se consegue mexer lá dentro, quanto mais ter liberdade para se desequilibrar.
Ao que parece, há uns dias atrás uma qualquer senhora lembrou-se de utilizar um dos duches do balneário feminino desta prestigiada instituição hoteleira lisboeta para cagar. São episódios destes que me fazem dizer que os cavalheiros da Lapa (ou os filhos deles) padecem dos mesmos problemas que os meliantes do Bairro das Fontaínhas: toxicodependência, gravidez indesejada e prematura, insucesso escolar, etc. Afinal parece mesmo que os opostos se atraem. Há apenas uma pequena diferença: na Lapa, tudo isto é um luxo, nas Fontaínhas é uma necessidade.
Este episódio do post "Subsídios" revela a minha a dificuldade em encontrar uma persona bloguísitica. No fundo não sei o que quero deste espaço. Também não sei o que não quero, o que já escapa ao jogo de palavras habitual. A ascensão social está a revelar-se ser um dos tais conceitos abstractos. Talvez esteja simplesmente a precisar de falar para as paredes.
O post anterior além de ser chato (diria mesmo infantil), não interessa ao Menino Jesus e não é certamente o tipo de temas que eu quero desenvolver aqui. Talvez num café, a discutir com alguém que saiba do que está a falar, o que não é o meu caso. Mea culpa. Não voltará a acontecer. Já chega de cabalas...
Estava aqui a tentar perceber como são atribuídos os subsídios do ICAM, e fiquei contente por ver que essa atribuição tem três vertentes distintas. Passo a citar:
Interrogo-me sobre como gostar de cinema sem "perceber" nada de cinema. Terei que me limitar a obras universais, onde exista uma convergência dos tais sentimentos/estados de alma e das ideias? Incomoda-me não conseguir/saber apreciar conceitos abstractos. Incomoda-me igualmente o cinema light. Incomoda-me sobretudo sentir-me algures entre a mediocridade e a grandeza intelectual. A treta da Via do Meio budista ser o caminho para a salvação não passa disso mesmo: uma treta.
Parece que os industriais do táxi que frequentam o Aeroporto de Lisboa estão nervosos com a detenção dos três colegas que andavam a roubar os inocentes turistas, cobrando-lhes mais do que deviam. Estão preocupados com a má influência que isto pode ter na imagem da classe. Dá-me ideia que é precisamente o contrário: só terem apanhado três só pode abonar em favor deles.
Acho que o cinema português moderno (whatever that means) é cada vez mais um fundo de desemprego alternativo (ou mesmo complementar). Não vejo outra explicação para o facto de em todos os filmes nacionais existir um papel, por muito pequeno que seja, para todos os actores portugueses. Do ponto de vista do espectador (eu próprio), essa malta mantém a "indústria" activa exclusivamente uns para os outros. Já agora podiam dar alguma coisa à rapaziada anónima que paga o subsídio. Não se faz.
Antes de qualquer outra coisa, falta-me tempo para ascender socialmente. Não há maneira da "grande cultura" vir a mim em horário pós-laboral.
Muitas pessoas, assim que se apercebem que uma viagem vai durar o suficiente para a aparição indesejada de momentos de silêncio, ou para uma intrometida reflexão sobre a condição humana, têm uma reacção quase mecânica e adormecem instantaneamente. Mecanismo de defesa? É claro que também existe a possibilidade de ser apenas um desmoronamento físico, puro e simples. Tenho que tentar não ir sempre a guiar para poder investigar estes fenómenos.
Como se não bastassem as razões para ter uma aversão natural ao industrial do táxi, esta palhaçada das manifestações anti-PEC (Pagamento Especial por Conta), a juntar à história dos GPS oferecidos pela CML, só me faz pensar que nós, os restantes condutores, é que devíamos fazer uma manif anti-taxistas.
A Emma Thompson, nos cinco minutos em que aparece, quase salva os 5 € que gastei...
Lembro-me dos sonhos românticos da puberdade a propósito do "Quatro Casamentos e um Funeral". Não há maneira dos filmes da nossa vida passarem a ser.... a nossa vida.
Nunca cheguei a perceber o raciocínio subjacente aos sacos de plástico "finos" que as pessoas carregam com tralha lá dentro. Será uma coisa do género: agora vou pôr a "Ana + Atrevida" e a minha sandesinha dentro do saco da Zara, porque assim ninguém repara que estou dentro do 121 da Damaia às 8:12 da manhã?
Apercebo-me que estou a ficar velho porque, no último ano, pela primeira vez, sinto que os preços aumentaram. É claro que há quem lhe chame crise económica. Considerando que me fico pelos 26 aninhos, a realidade era uma figura ficcional até há poucos anos atrás.
Num domingo à tarde, a ver um "blockbuster", o espectáculo à nossa volta é bem melhor do que o filme em si.
Estava aqui a organizar a minha lista de links e cheguei à vez do Almocreve das Petas. Não fosse eu Classe Média, tive que ir procurar o significado de "almocreve". Como sou assumidamente ignorante mas presumo não ser o único, resolvi partilhar: parece que um almocreve é um homem que aluga e conduz bestas de carga. Está certo.
Apesar do homem ser um querido, o último filme com o Hugh Grant ("O Amor Acontece") é mau demais. Como se não bastasse a trapalhada de fraca qualidade que é o resto do filme, a "nossa" Lúcia Moniz faz o papel de sopeirinha imigrante em França. Confesso que achei o papel da Lúcia sobretudo confrangedor, mas no final constatei um facto curioso: a paródia aos portugueses foi o único momento em que me ri com gosto durante o tempo que estive sentado nas cadeiras do Saldanha Residence. Não consegui perceber se isto era bom ou mau sinal.
A Classe Média compra livros.
O Bloguismo semi-profissional requer mais conhecimentos de HTML do que eu estou disposto a adquirir...