Autoria
Ultimamente, lá de fora e cá dentro, têm sido altamente valorizados filmes que não arriscam teorias sobre a realidade, que não fazem julgamentos e deixam os seus protagonistas impunes, que se limitam a ser descritivos, mesmo que subtilmente pessoais, que nos deixam a sós com um determinado mundo. Vende-se o advento da ausência de explicação.
Em Portugal, onde tudo é igualmente inexplicável, faz-se cinema de autor, filmam-se conceitos, muitas vezes desarticulados e egoístas. Este género de cinema tem dois tipos de problema: por um lado não é sobre a minha inefável existência, por outro, produz obras destas, em jeito de alegoria iniciática. A autora em questão chama-lhe "féerie", eu cá chamo-lhe uma bela trampa.