Tempo perdido
Como tipo da Classe Média que sou, vivo intensamente o trânsito. Alinho de bom grado na joy of commuting. Encaixotados na nossa viatura, é fácil analisar estatísticas sobre a natureza humana, contando e catalogando carros. No trânsito, temos uma panóplia de metáforas redutoras que podemos utilizar para extrapolar conclusões sobre o mundo. Afinal de contas, vistos do posto de condução do tipo que circula ao nosso lado, é comum não sermos mais do que uma cor, um valor de mercado, um modelo, uma posição das mãos no volante, uma manobra perigosa tipificada, etc. A tal estrutura do real, é muito menos transcendente. A hora de ponta, acaba por ser uma banalização filosófica.